quarta-feira, dezembro 20, 2006

José

E agora, José ?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho do mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, para onde ?

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco.

Mário Cesariny

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Pela noite

Pela noite concedias me o favor,
Abriam se as portas do altar
E a nossa nudez iluminava o escuro
À medida que genuflectia. E ao acordar
Eu diria “abençoada sejas!”
Sabendo como pretensiosa era a bênção:
Dormias, os lilases tombavam da mesa
Para tocar te as pálpebras num universo de azul,
E tu recebias esse sinal sobre as pálpebras
Imóveis, e imóvel estava a tua mão quente.

Arsenni Trakovskii

terça-feira, novembro 28, 2006

Entre os teus lábios

Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.

Eugénio de Andrade

sexta-feira, novembro 24, 2006

Não posso adiar o amor para outro século

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa

quarta-feira, novembro 15, 2006

A um ti que eu inventei

Pensar em ti é coisa delicada.
É um diluir de tinta espessa e farta
e o passá-la em finíssima aguada
com um pincel de marta.

Um pesar grãos de nada em mínima balança,
um armar de arames cauteloso e atento,
um proteger a chama contra o vento,
pentear cabelinhos de criança.

Um desembaraçar de linhas de costura,
um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,
um planar de gaivota como um lábio a sorrir.

Penso em ti com tamanha ternura
como se fosses vidro ou película de loiça
que apenas com o pensar te pudesses partir.

António Gedeão

segunda-feira, novembro 06, 2006

Yo no quiero más luz que tu cuerpo

Yo no quiero más luz que tu cuerpo ante el mío,
claridad absoluta. Transparencia redonda.
Limpidez cuya entraña, como el fondo del río,
con el tiempo se afirma, con la sangre se ahonda.


¡Qué lucientes materias duraderas te han hecho,
corazón de alborada, carnación matutina!
Yo no quiero más día que el que exhala tu pecho.
Tu sangre es la mañana que jamás se termina.


No hay más luz que tu cuerpo: no hay más sol. Todo ocaso.
Yo no veo las cosas a otra luz que tu frente.
La otra luz es fantasma, nada más, de tu paso.
Tu insondable mirada nunca gira al poniente.


Claridad sin posible declinar. Suma esencia
del fulgor que ni cede ni abandona la cumbre.
Juventud. Limpidez. Claridad. Transparencia,
Acercando los astros más cercanos de lumbre.


Claro cuerpo moreno de calor fecundante.
Hierba negra al origen. Hierba negra las sienes.
Trago negro los ojos, la mirada distante.
Día azul. Noche clara. Sombra clara que vienes.


Yo no quiero más luz que tu sombra dorada
donde brotan anillos de una hierba sombría.
En mi sangre, fielmente por tu cuerpo abrasada,
Para siempre es de noche: para siempre es de día.


Miguel Hernández

terça-feira, outubro 31, 2006

Espero que vuelvas pronto.

Quiero sentirte dentro esta noche,
sentirte dentro violento y fuerte.
Que en un instante pases de ser el amante apasionado
a un niño que tiembla dentro, dentro de mi.

Quiero que te abandones en mi cuerpo
hasta que no sepas donde estes y exhausto te derrumbes encima mio,
sudando, jadeando y buscando mi boca
como un vaso de agua fresca
en los veranos oscuros de mi alcoba…
pero estas lejos que ya casi no recuerdo el sabor de tu sudor…

Espero que vuelvas pronto.

desconheço

sexta-feira, outubro 27, 2006

A boca

A boca
que primeiro levou
aos meus lábios a cor da aurora
ainda
em belos pensamentos desconto o aroma.

Ó pueril boca, amada boca,
que dizias o que ousavas e tão doce
eras a beijar.

Umberto Sava

segunda-feira, outubro 23, 2006

Garcilaso de la Vega

Em minha alma é escrito vosso rosto
e quanto eu escrever de vós anseio:
vós sozinha o escrevestes, eu o leio
tão só que nisto vos evito a gosto.
Nisto estou e estarei sempre disposto
que, não cabendo em mim o meu enleio,
desse bem o que não entendo creio,
tornando já a fé por pressuposto.
Eu não nasci senão para querer-vos;
minha alma à sua altura vos talhou;
para hábito da minha alma vos quero;
quanto possuo confesso já dever-vos;
por vós nasci, por vós na vida estou,
por vós morro, por vós morrer espero.


Diria... fantastico

terça-feira, outubro 17, 2006

Aos amores

Aos amores!

A vida que tudo arrasta os amores também
uns dão à costa, exaustos, outros vão mais além
navegadores só solitários dois a dois
heróis sem nome e até por isso heróis

Desde que o John partiu a Rosinha passa mal
vive na Loneley Street, Heartbreak Hotel, Portugal
ainda em si mora a doce mentira do amor
tomou lhe o gosto ao provar lhe o sabor

Os amores são facas de dois gumes
têm de um lado a paixão, do outro os ciúmes
são desencantos que vivem encantados
como velas que ardem por dois lados

Sérgio Godinho

sexta-feira, outubro 13, 2006

Pois...

Qualquer semelhança com a realidade...

Um homem está a conduzir o seu carro, quando a certa altura percebe que se perdeu. Dá conta de outro homem que passa por perto, encosta ao passeio e chama-o:



- Desculpe, pode dar-me uma ajuda? Prometi a um amigo encontrar-me com ele às 14h, estou meia hora atrasado e não sei onde me encontro...

- Claro que o posso ajudar. O senhor encontra-se num automóvel, entre os 38 e os 39 graus de latitude norte e os 9 e 10 graus de longitude oeste, são 14 horas, 23 minutos e 42 segundos, hoje é quarta-feira e estão 27 graus centígrados.

- O senhor é informático?

- Exactamente! Como é que sabe?

- Porque tudo o que me disse está correcto do ponto de vista técnico, mas é inútil do ponto de vista prático. De facto, não sei o que fazer com a informação que me deu e continuo aqui perdido

- Então o senhor deve ser um chefe, certo? - responde o informático

- Na realidade sou mesmo. Mas... como percebeu?

- Muito fácil: não sabe nem onde se encontra, nem para onde ir; fez uma promessa que não faz a menor ideia de como vai cumprir e agora espera que outro qualquer lhe resolva o problema. De facto, encontra-se exactamente na mesma situação em que estava antes de nos encontrarmos, mas agora, por um qualquer estranho motivo... a culpa acaba por ser minha!

quarta-feira, outubro 04, 2006

Quarto em desordem

Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

que não sabe como é feita: amor
na quinta essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar

a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objecto mais vago do que núvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo

verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, setembro 28, 2006

O amor é loucura

Quem pisa do Amor a linha pura,
não aceita uma asa, retira-a prudente,
pois não é verdadeiro Amor, mas loucura,
o juízo do destino e a sábia gente.

Tal como Roldão não chega à ventura
a sua fúria há-de mostrar-se noutro acidente
senão, vede o sinal para enlouquecer
por bem querer outro e se perder.

Diversos são os efeitos, mas a loucura
uma, pois perde-os sempre
é como numa selva espessa, escura,
onde qualquer um erra o seu caminho
e aqui ou lá o extraviado passo procura.

Digo, a concluir, que é sobejamente digno
o que envelhece amando, outra grande pena
a ter perene o cepo que nos condena.

Hão-de falar: “Vós sois garboso
ensinando o outro a andar em erro cego.”

Entendo, respondo confuso,
agora que vejo claro o falso jogo.

Bem o procuro e julgo ter repouso,
fugir quero do erro e do acerbo fogo,
mas não acabarei assim o caso,
pois o mal me penetrou até ao osso.

Ludovico Ariosto

segunda-feira, setembro 18, 2006

Não digas nada!

Não digas nada!
Não, nem a verdade!
Há tanta suavidade
Em nada se dizer
E tudo se entender
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada!
Deixa esquecer.

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vâ
Toda esta viagem
Até onde quis.
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz...
Não digas nada.


Fernando Pessoa

segunda-feira, setembro 11, 2006

Juan Luis Panero

Mensagem de António a Cleópatra

Elogiem outros
a tua beleza adormecida,
a suavidade da tua pele em repouso,
a medida perfeição dos teus membros.
Não foi para isso que vim,
vim tão somente penetrar-te
pelo peito e pelo dorso,
como um punhal atravessa
a água transparente
e se funde e se transvia
no poço sombrio



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Mensagem de Cleópatra a António

Não aplaudas a minha beleza,
outros já o fizeram.
Penetra-me pelo peito e pelo dorso
faz-me pulsar a vida na cintura
e que enlaçados, o teu e o meu corpo,
possam deter o furor bárbaro do tempo.
Mas, se chegar o dia em que o tempo nos detém,
não te lamentes, oh meu estúpido beberrão,
e cai com valor – já Cavafis o escreveu –
nesse poço sombrio
(Antes que chegue a noite)

terça-feira, setembro 05, 2006

Rosa Mística

Do pôr-do-sol àquela luz sagrada,
Eu perdia-me... ó hora doce e breve!...
Meu peito junto ao seu colo de neve,
– Numa contemplação vaga e elevada

Nossas almas s’erguiam, como deve
Erguer-se uma alma à Luz afortunada.
Do mar se ouvia a grande voz chorada.
– Palpitavam as pombas no ar leve.

Eu então perguntei-lhe, baixo e brando:
Em que mundos de luz é que caminhas?
Que torre está tua alma arquitectanto?...

– Ela, travando as suas mãos das minhas,
me disse, ingénua, então: – Estou cismando
No que dirão, no ar, as andorinhas.

Gomes Leal

segunda-feira, agosto 14, 2006

A relatividade do amor

Se a cor azul do teu corpo não é real
porque nenhuma cor é mais do que
apenas o reflexo do espectro da luz visivel
que não foi absorvido pela superficie,
então o que vejo?

Se o tocar do teu corpo não é real
Porque nenhuma distância é zero
e todas as distâncias são infinitamente divisiveis
e dois corpos sólidos nunca se tocam,
então o que sinto?

Se tudo é relativo
então o que sinto e o que vejo
não é mais do que a relatividade do amor.


O autor? ... não sei

quinta-feira, agosto 03, 2006

Rosa com espinhos

Uma rosa cresce na tua ausência. Não
a posso colher, a essa rosa vermelha que
incendeia a secura dos meus olhos. Limito-me
a vê-la, a rosa do centro, na sua rotação
de sentimentos e hesitações. Embarco
no rumo que ela me indica. Sei
que me conduzirá para o porto dos teus
braços, onde ainda estremecem as marés
do amor.

Mas se a tua ausência me oferece
esta rosa, de que me servem os seus
espinhos? Lambo devagar as suas
feridas, sentindo correr pela minha alma
o sangue fresco da tua voz: a voz que abranda
quando o fogo se apaga, e de cuja
brancura se soltam os ventos que empurram
o desejo. Levam-me para
os teus lábios, a quem a rosa
roubou a mais pura cor.

Abraço então o teu corpo de flor, roubando
à rosa o gozo da sua dor.



Nuno Júdice

segunda-feira, julho 31, 2006

Prontos e mai nada!

Faltas-me
Como os euros na carteira
Como a água na torneira
Em dia de corte geral.
Apeteces-me
Como me apetece um gelado
Como me apetece uma Seven-Up
Ou um bom arroz de marisco.
Sei-te
De cor e salteado
De trás, de frente e dos lados
Sei-te de todas as maneiras.
Gosto-te
Porque sim
Porque me apeteces
Porque me sabes como ninguém
Porque sei o que me faz bem.
Gosto-te prontos.
E mai nada!

Encandescente

sexta-feira, julho 21, 2006

O tempo que em mim fazes

Os beijos, sempre os beijos
trazem serenas cores, que sossegam
o meu corpo. A tua voz,
a repetida surpresa do encontro.



Os nossos corpos ajustam-se
ao inesperado arco-iris do desejo.
Aconchego-me no teu colo,
e sou, uma doce e inebriante tarde de verão.



Quando me deixas,
Invade-me a mansidão da rosa perfumada,
suavemente colhida.



A noite, pressinto-a já,
nos teus passos,
no gesto rápido quando te despes,
nos frutos
que comemos ao cair da tarde.




Este é para mim mesmo sem autorização do autor....

segunda-feira, julho 17, 2006

Tudo é substituído...

Quando crestando o céu
a noite se espalha,
tudo é substituído...

o sol verde das folhas pela paúra dos troncos,
o barulho das borboletas pelo silêncio dos uivos,
o trabalho pelo sexo,
a sombra pelo vulto,
a dor pelo sono. Cai
a cor do chão, laminada sob a lua.

Mas o mar, não.
Tudo é substituído menos
o mar que morre.

Que deixa o nada desenhado
entre a espuma e a espátula
do horizonte:
o aposento de um filho perdido
é seu lugar vazio deitado na noite...

segunda-feira, julho 10, 2006

Um único corpo

O calor soltou
A floresta nua
Já não há floresta
Nem passeios à tona d'água
Nem sombra leve sobre os rins
O céu tornou-se-nos um fardo

O nosso corpo é uma presa
Vestida de maduras lágrimas
Os dedos são pregos sangrentos
Os seios giram sobre si próprios
A boca só tem irmãs

Deixou de haver janelas para abrir
Já não há paisagem
Nem ar puro nem impuro
Os nossos olhos voltam à sua nascente
Sob a carne nua da sua beleza natal

Paul Éluard

quarta-feira, julho 05, 2006

Quero uma vida em forma de espinha

Quero uma vida em forma de espinha
Num prato azul
Quero uma vida em forma de coisa
No fundo dum sítio sozinho
Quero uma vida em forma de areia nas minhas mãos
Em forma de pão verde ou de cântara
Em forma de sapata mole
Em forma de tanglomanglo
De limpa-chaminés ou de lilás
De terra cheia de calhaus
De cabeleireiro selvagem ou de édredon louco
Quero uma vida em forma de ti
E tenho-a mas ainda não é bastante
Eu nunca estou contente


BORIS VIAN

......para a minha tigresa....

quinta-feira, junho 29, 2006

Depois

depois
com a chávena de café na mão mexendo o açúcar
arrastando os chinelos de borracha virás até aqui
onde encontrarás esta carta

serão talvez nove horas
a rádio cospe anúncios de sabonetes e detergentes
o irritante pi do sinal horário
suspiras ao pegar no envelope
e apenas o teu suspiro te parecerá deslocado
de resto há muito que os teus dias são o decalque uns dos outros

escrevo-te enquanto não amanhece
a morte desperta em mim uma planta carnívora
o mundo parece despedaçar-se pelos desertos do meu delírio
pântano de lodo entre a pele da noite e a manhã
espaço de penumbras e de incertezas
onde podemos perder tudo e nada desejarmos ainda
por isso aproveito o pouco tempo que me sobeja da noite
este vácuo lento este visco dos espelhos
espessa escuridão agarrada à memória debaixo da pele
começa a asfixia o perigo de ter amado
no mais profundo segredo das noites devorávamo-nos
e um barco tremeluzia pelas cortina do quarto
como um presságio
nos objectos e a roupa atirada para cima das cadeiras
revelavam-me a pouco e pouco a desolação em que tenho vivido

Al Berto

segunda-feira, junho 26, 2006

Carta da Árvore Triste

quando te levantares e abrires as janelas
a luz espalhar-se-á por toda a casa
cobrirá suavemente os objectos e o mobiliário
devolvendo-lhes os seus pesos formas e volumes
acordá-los-á para as quotidianas utilizações
e as petúnias em plástico na jarra da sala agitar-se-ão
à tua passagem em direcção à cozinha
a cidade entrará repentinamente pela casa adentro
um grito nas traseiras sacode-te para o interior baço da manhã
buzinas sirenes
o telefone do vizinho atravessando as paredes
gritos de crianças derrapagens estridentes
outro telefone
uma porta que se fecha com estrondo
passas o olhar pelo jornal de ontem em cima da mesa
lês:

um papagaio valioso com 32 anos
capaz de falar em 3 idiomas
foi morto por um jovem drácula de nome punk
Carlinhos Monóxido
o papagaio foi encontrado morto e de olhos saídos das órbitas
suspeita-se que...



o telefone parou de tocar
atiras o jornal para o caixote do lixo
reparas então que tudo o que permanecera na penumbra do sono
surge subitamente nítido e coberto de luz
como se tivesses encontrado uma fotografia esquecida
no fundo dalguma gaveta forrada a papel-manteiga
o dia instalar-se-á igual aos outros milhares de dias
com a banal crueldade dos acontecimentos
ouves rádio enquanto o café aquece
deixas queimar um pouco as torradas
passas os dedos pelos cabelos atados numa fitinha de chita
ajeitas o roupão para cobrires o peito desarrumado

AL BERTO

sexta-feira, junho 23, 2006

Lápide

a contínua escuridão torna-se claridade
iridescência lume
que incendeia o coração daquele cujo ofício
é escrever e olhar o mundo a partir da treva
humildemente
foi este o trabalho que te predestinaram
viver e morrer
nesse simulacro de inferno

meu deus!
tinha de escolher a melhor maneira de arder
até que de mim nada restasse senão um osso
e meia dúzia de sílabas sujas
calcinadas

Al Berto

terça-feira, junho 20, 2006

Nocturno de Chopin

Gosto de juntar palavras
no teu corpo
ouvir da tua voz
o sangue em fogo

Sentir a tua seiva a borbulhar
uma prece sedenta
em turbilhão
um jacto de magia

Beber dum trago voraz
as tuas carnes
depois cozer poemas
por parir

Misturar as tuas juras
nos meus dedos
deixar sílabas loucas
nas encostas

Depois acordar na alvorada
ver o teu torso nu adormecido
e saber que não foi sexo nem desejo
apenas um nocturno de Chopin


Luis Graça

quarta-feira, junho 14, 2006

Horas demoradas

procurei nas horas demoradas, o teu canto de corais.
a tua auréola azul, céu que havia no fundo do mar.
procurei nos teus abraços, o abraço mais largo das estrelas
e na noite as ondas que enrolavam nas mãos.

procurei os passos que deixavas por cima das águas,
os sinais que desenhavas no céu com as mãos pequeninas.
procurei o leite da tua pele, que derretia na minha boca,
os sabores dos frutos, os silêncios das chuvas.

procurei o teu nome na areia, escrito com as mãos nuas.
os laços que amarras-te mil planetas no meu colo.
procurei por dentro das marés o sal dos teus beijos,
as viagens que o eco da tua voz levava e trazia no vento.

procurei nos pássaros o teu voo imperial,
as serpentinas de cores que arrastavas no céu pelas manhãs.
procurei nos búzios o som do palpitar do teu peito,
que abria em murmúrios de ternura, os espasmos da terra.

diz-me se te vou encontrar outra vez,
para de novo aprender a voar.

Pedro Lucas, mas...bem que gostava ter sido eu :))

segunda-feira, junho 12, 2006

No alpendre...

No alpendre, espero por ti.
Os arbustos cresceram. As folhas caíram
O poço secou. As pessoas partiram.

É mais difícil quando vem o frio
A brisa chora nos meus olhos.
E nos meus olhos era onde sonhavas
Teus sonhos dentro de mim.

Envelheci com as árvores.
Com o cair das folhas no Outono.
Agora já não dão frutos.

Oiço apenas o barulho do vento
Que atravessa os ramos,
Que atravessa dentro de mim, vazio.

A noite não acaba. O dia não acaba.
Nada se não silêncio incessante.
Espero por ti, no alpendre.
Sei que não voltas. Mas ainda te quero abraçar

A brisa, chora nos meus olhos.
Porque foi nos meus olhos
Com as tuas mãos pequeninas,
Que aprendeste a sonhar

Pedro Lucas

sexta-feira, junho 09, 2006

TODOS TEMOS ALCÁCER-QUIBIR NOS CORAÇÕES


Tive uma namorada
boa na cama e na alma
pequeno canyon sempre aberto aos índios
com caldo verde e chouriço até às tantas

Tinha olhos de lago a beijar a lua
e dois seios meiguinhos com sabor a fruta
um par de atalhos em seda como flamingos
amigos do peito com bom coração

Fugiu-me numa manhã de nevoeiro
apanhei-a nas dunas, bem ao longe
chupando com lábios de névoa
o sexo nebuloso de D. Sebastião

Luis Graça

quarta-feira, junho 07, 2006

Uma Obra-Prima da Poesia Brasileira

Pássaro de rico é canário,
pássaro de pobre urubu,
rabo de rico é ânus,
e rabo de pobre é cu.

Moça rica é bacana,
moça pobre é xereta,
periquita de rica é vagina,
a da pobre é buceta.

Rico correndo é atleta,
pobre correndo é ladrão,
ovo do rico é testículo,
o do pobre é colhão.

O rico usa bengala,
o pobre usa muleta,
o rico se masturba,
o pobre bate punheta.



Composta por uma aluna do Colégio Bom Conselho (Fortaleza-CE)

segunda-feira, junho 05, 2006

Vocês têm.......

A senhora idosa, perto dos 90 anos, mas toda despachada, numa farmácia:
- Vocês têm analgésicos?
- Temos sim senhora.
- Vocês têm remédio contra reumatismo?
- Temos sim senhora.
- Vocês têm camisa de vénus lubrificada?
- Temos sim senhora.
- Vocês têm Viagra?
- Vocês têm pomada anti-rugas?
- Vocês têm pomada para hemorroidas?
- Vocês têm bicarbonato?
- Vocês têm antidepressivos?
- Vocês têm soníferos?
- Vocês têm remédio para a memória?
- Vocês têm fraldas para adultos?
- Temos sim senhooooora.
- Vocês têm...
- Minha senhora, por favor! Aqui é uma farmácia, nós temos isso tudo. Qual é o seu problema, afinal?
- É que vou casar no fim do mês e o meu noivo tem 85 anos. Gostaríamos de saber se podemos deixar a nossa lista de casamento aqui...!

sexta-feira, junho 02, 2006

Nalgum lugar

Nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto


o teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu me tenha fechado como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando subtilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa

ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos lindamente, de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;

nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder da tua imensa fragilidade: cuja textura
me compele com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira

(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva,tem mãos tão pequenas

e. e. cummings

quarta-feira, maio 31, 2006

Fernando Pessoa

XVIII
Iô! Iô! Escorre um suco de raiva e prazer
Por entre os corpos em mescla enredados
Que ardem por despir-se e guerra fazer
Sobre a carne uns dos outros, dados
Na luta que enche o ventre p’ra leite deixar
Nas tetas que um homem souber conquistar,
Combate em raiva de ajustar, unir,
E não de magoar ou de se ferir!
Iô! Iô! Embriagai-vos com o dia e a hora!
Gritai, gargalhai, esmagai agora
O próprio pensar em clamor e verdade,
Não escape uma queixa de morte ou idade!
Tudo juventude agora e as pequenas
Dores, que vibram nas veias plenas,
São elas cheias de prazer excitado
Para suspender antes de saciado.
Tudo, excepto a carne, da mente tirai,
E o dar do leite macho que faz viver!
Repiques de alegria, como erva arrancai
Do chão da alma onde veio crescer!
Fazei o vosso cio imenso jubilar
Com soltas risadas e vosso falar,
Como se a terra, o céu em brasa, o ar tremente
Soassem qual címbalo, poderosamente!

Poesia Inglesa I(tradução de Luísa Freire)

terça-feira, maio 30, 2006

Pedido

Larga tudo
e vem me espasmar
É teu direito
e seja o meu também
Serei tua ré
não tenha complacência
e na demência
nos percamos tontos

É meu dever
perder todos os pontos
calar tua boca
à minha, sem clemência
beijar-te as pernas
grossas, entre elas
brincar de línguas
em rodamoinhos
ouvir o arfar
balouços de carinhos

É meu dever
ser tua ré-confessa
É meu dever
me dar-te às avessas

Vem se enroscar!
Penetre no meu rio
saudoso
caudaloso
cio

Vem se espelhar!
Penetre neste olhar
a te espasmar
vem me espasmar

Isabel Machado

segunda-feira, maio 29, 2006

Anespirais

espirais cobrem meu corpo
despencam helicoidais
ideogramas/nanquim/pincéis
tatuagens
não breves sinais

rufar de tambores
febre cerebral/enxaquecas
furor
humor e tumor
dores fatais

não sei quanto tempo
sentado na praça
contando cachaça
bebendo desgraça

sem você
sou vazio e sem cenho
criança sem colo da mãe

me lembro quando amar
não doía
pérola na língua
vermelho carmim

agora carrego um olhar flutuante
choro lendo hai-kais

chuva sobre bambuais

tensão de garoa
uma lata vazia flutua no ar

um dia ouvi alguém que esqueci
sussurrou

em japonês
amor
se diz "ai"

Edson Bueno de Camargo

quinta-feira, maio 25, 2006

Estás




estás nas manhãs remelosas. nas noites de insónia. nos discos
em auto-repeat. nas imagens que invento. nas palavras que
junto sem sentido. nos filmes de amor trágico. nos livros
que falam de coisas sérias. nas manchetes sangrentas dos
tabelóides. na chávena de leite achocolatado. no ronronar
do gato que se deita a meu lado. no relato da partida de
futebol no canal codificado. em mais um cigarro que
sorvo. e ainda no fastio a que me obrigo. no chão da sala
polvilhado de sapatos. nas folhas de papel riscadas.
foda-se. estás em tudo. em todas as coisas. em todos os sentidos
que confundo. em cada sonho. em cada pesadelo com a
morte. nas fugas. nas corridas infundadas contra o tempo.
em mim. apenas em mim insistes em estar.
longe

quarta-feira, maio 24, 2006

Smgarakarika Kumaradadatta




Seu hálito é como mel aromatizado com cravo;
Sua boca, deliciosa como uma manga madura.
Beijar sua pela é como experimentar o lótuz.
A cavidade do seu umbigo oculta uma profusão
de especiarias.
Que prazer repousar depois, a língua sabe,
mas não pode dizer.

(Século XII)

Smgarakarika Kumaradadatta

segunda-feira, maio 22, 2006

Encontro

Nada entre nós tem o nome de pressa.
Conhecemo-nos assim, devagar, o cuidado
traçou os seus próprios labirintos. Sobre a pele
é sempre a primeira vez que os gestos acontecem.

Porém, se se abrir uma porta para o verão,
vemos as mesmas coisas - o que fica para além
da planície e da falésia; a ilha, um rebanho,
um barco à espera de partir,
uma palavra que nunca escreveremos. Entre nós

o tempo desenha-se assim, devagar.
Daríamos sempre pelo mais pequeno engano.


Poema escrito por Rosa Lima, e que me foi facultado por uma viciada em poesia.

quinta-feira, maio 18, 2006

In extremis

Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia
Assim! de um sol assim!
Tu, desgrenhada e fria,
Fria! postos nos meus os teus olhos molhados,
E apertando nos teus os meus dedos gelados...

E um dia assim! de um sol assim! e assim a esfera
Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento
Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo...

E, aqui dentro, o silêncio... E este espanto! e este medo!
Nós dois... e, entre nós dois, implacável e forte,
A arredar-me de ti, cada vez mais, a morte...

Eu, com o frio a crescer no coração, – tão cheio
De ti, até no horror do derradeiro anseio!
Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
A boca que beijava a tua boca ardente,
A boca que foi tua!

E eu morrendo! e eu morrendo
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! a delícia da vida!

Olavo Bilac

quarta-feira, maio 17, 2006

Quase de nada místico




Não, não deve ser nada este pulsar
de dentro: só um lento desejo
de dançar. E nem deve ter grande
significado este vapor dourado,

e invisível a olhares alheios:
só um pólen a meio, como de abelha
à espera de voar. E não é com certeza
relevante este brilhante aqui:

poeira de diamante que encontrei
pelo verso e por acaso, poema
muito breve e muito raso,
que (aproveitando) trago para ti.


Ana Luísa Amaral

terça-feira, maio 16, 2006

Padre Nosso



Uma solteirona descobre que uma amiga ficou grávida só com uma Avé Maria que rezou na igreja duma aldeia perto.
Uns dias depois foi a essa aldeia e diz a solteirona para o Padre:
- Bom dia Padre.
- Bom dia minha filha. Em que posso ajudar-te?
- Sabe Padre, soube que uma amiga minha veio aqui e ficou grávida só com uma Avé Maria.
- Não minha filha, foi com um Padre Nosso mas já o despedimos

sexta-feira, maio 12, 2006

Sophia

Houve um tempo de heróis, lágrimas e espera,
um tempo de punhais
na noite mais incerta;
houve um tempo de dor,
uma oscilação da alma.

Houve um tempo em que a tua voz se cingiu
à coroa das espadas;
um tempo de sal depositado nos teus lábios;
houve um tempo de cantos, ondas e de estrelas
na branca manhã que o sono nos revela.

E houve um tempo de poemas,
um tempo de palavras,
um tempo (já esquecido)
de música e de festa.

Quem ousará dizer
que os teus heróis regressam,
quem poderá jurar que do amor reaparecem,
ao vento, os perfis das coisas que ele nos deu?


Antonio Mega Ferreira

Havia prometido, e resolvi colocar hj

quinta-feira, maio 11, 2006

Sexólogo :)

Um casal jovem estava desejoso de satisfazer os seus ímpetos entregando os seus corpos um ao outro das formas e nas posições mais variadas.
Porém, a mulher não conseguia obter prazer nenhum. Assim, e após muitas tentativas, e sem obter os resultados desejados, o casal decidiu recorrer aos serviços de um sexólogo. Na primeira consulta, após analisar ambos, o homem perguntou:
- Diga-me, senhor doutor, o que se passa connosco, é grave?
E o sexólogo responde:
- Não, não é grave. Sabe, é que a sua mulher tem uma fantasia sexual muito antiga, e só se realizarem essa fantasia é que ela sentirá prazer durante o acto sexual.
- Mas, e qual é essa fantasia? Diga, diga senhor doutor...
- Bem, ela tem a fantasia de fazer sexo na Roma Antiga, em que os corpos eram refrescados por uma folha de palmeira agitada energicamente por um escravo. Será isso que vocês têm de fazer, arranjar alguém para abanar uma folha de palmeira enquanto fizerem sexo.
- Obrigado, senhor doutor! Iremos seguir o seu conselho.
Então, o casal contratou um preto para abanar a folha de palmeira, e atiraram-se um ao outro, convencidos de que, finalmente, se iriam satisfazer. Experimentaram todas as posições, de frente, por trás, de lado, em cima, em baixo, etc. ... e nada! A mulher continuava a não ter prazer nenhum.
Então o homem desesperou e disse:
- O senhor não se importa de trocar comigo? Eu abano a folha de palmeira e você salta para cima da minha mulher, está bem?
O preto concordou, e saltou para cima da mulher dele. Começaram o acto sexual, e o marido abanava energicamente a folha de palmeira, até que a mulher começou a gemer e a manifestar prazer:
- Umm, que bom! Aaahhhhh, sim, mais rápido, mais rápido! Oooohhhh, Aaaahhhh!
O homem, vendo a sua mulher sentir tanto prazer, gritou:
- Tás a ver, ó preto!?!! É ASSIM QUE SE ABANA A FOLHA!!!

quarta-feira, maio 10, 2006

Sorrio

Sou um espelho onde tu vês
outro vidro com a margem onde corro
tão longe que para ti caminho.

Serás sempre a largueza sem refúgio
que levo comigo.

Por ruas, por luminosos jardins
era a ti que procurava.
Tinha tudo à espera para dar-te
esta escura cerce linguagem
e clara junto dos teus lábios.

Venho de uma noite voltado
para o espaço que me diz
o amor, a cidade comanda-o.
Venho prisioneiro e não estás.

Começo inseguro este descordo,
o ar arde na boca que perdeu a tua.

Sou uma ausência. Um desconvidado.
Uma febre onde o futuro pára. Sorrio.

Joaquim Manuel Magalhães

terça-feira, maio 09, 2006

Poema

Amo-te por sobrancelha, por cabelo, debato-te em
corredores branquíssimos onde se jogam
as fontes de luz,
discuto-te a cada nome, arranco-te com
delicadeza de cicatriz.
Vou-te pondo no cabelo
cinzas de relâmpago
e fitas que dormiam à chuva.
Não quero que tenhas uma forma, que sejas
precisamente o que vem atrás da tua mão.
Porque a água, considera a água e os leões
quando se dissolvem no açúcar da fábula,
e os gestos, essa arquitectura do nada.
Acendendo as lâmpadas a meio do
encontro.
Todas as manhãs és a ardósia em que te invento
te desenho.
Pronto a apagar-te, assim não és, nem tão pouco com
esse cabelo liso, esse sorriso.
Busco a tua soma, a beira da taça onde o
vinho é também a lua e o espelho,
Busco essa linha que faz tremer um homem
numa galeria de museu.
Além disso amo-te, e faz tempo e frio.

Julio Cortázar

segunda-feira, maio 08, 2006

Interrogação

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

Pertence a "Camilo Pessanha", mas bem que poderia ter sido eu....

sexta-feira, maio 05, 2006

P3RC38E? 73N73 L3R



UM D14 D3 V3R40, 3574V4 N4 PR414,
0853RV4ND0 DU45 CR14NC45 8R1NC4ND0 N4
4R314.

3L45 7R484LH4V4M MU170 C0N57RU1ND0 UM
C4573L0 D3 4R314, C0M 70RR35, P4554R3L45 3
P4554G3NS 1N73RN45. QU4ND0 3575V4M QU453
4C484ND0, V310 UM4 0ND4 3 D357RU1U 7UD0,
R3DU21ND0 0 C4573L0 4 UM M0N73 D3 4R314 3
35PUM4.

4CH31 QU3, D3P015 D3 74N70 35F0RC0 3
CU1D4D0, 45 CR14NC45 C41R14M N0 CH0R0,
M45 C0RR3R4M P3L4 PR414, FUG1ND0 D4 4GU4,
R1ND0 D3 M405 D4D45 3 C0M3C4R4M 4
C0N57RU1R 0U7R0 C4573L0. C0MPR33ND1 QU3
H4V14 4PR3ND1D0 UM4 GR4ND3 L1C40:

G4574M05 MU170 73MP0 D4 N0554 V1D4
C0N57RU1ND0 4LGUM4 C0154 3 M415 C3D0 0U
M415 74RD3, UM4 0ND4 P0D3R4 V1R 3 D357RU1R
7UD0 0 QU3 L3V4M05 74N70 73MP0 P4R4 C0N57RU1R.

M45 QU4ND0 1550 4C0N73C3R 50M3N73 4QU3L3
QU3 73M 45 M405 D3 4LGU3M P4R4 53GUR4R,
53R4 C4P42 D3 50RR1R!!

S0 0 QU3 P3RM4N3C3 3 4 4M124D3, 0 4M0R 3 C4R1NH0.

0 R3570 3 F3170 D3 4R314

quinta-feira, maio 04, 2006

As Mulheres estão a ficar espertas

O marido chega a casa e pega a esposa, na cama, com um garotão, 25 anos, forte, bronzeado, cheio de amor pra dar...
Arma a maior barraca, mas a mulher interrompe:
- Você deveria ouvir como tudo aconteceu - diz a mulher.
Na rua, vi este jovem cansado e faminto.
Com pena, eu trouxe-o para casa.
Dei lhe aquela refeição que eu havia preparado ontem, mas você chegou tarde, satisfeito com o tira-gosto do boteco e não comeu.
Ele estava descalço, então dei aquele seu par de sapatos, que, como foi minha mãe que deu, você nunca usou.
Ele estava com sede e eu servi o vinho que estava guardado para aquele sábado que nunca chega, pois num dia é futebol, no outro pescaria.
As calças estavam rasgadas, dei aquele seu jeans em perfeito estado, mas que não cabe mais em você.Como ele estava sujo, aconselhei-o a tomar um banho e fazer a barba.
Depois dei-lhe aquela loção francesa novinha que você nunca usou, porque acha fedorenta.
Daí, quando ele já ia embora, perguntou:
"Dona, tem mais alguma coisa em bom estado e que seu marido não use mais?"
Nem respondi... Dei logo!

terça-feira, maio 02, 2006

Afectos

Fiquei a saber num destes fins-de-tarde
que se podia estar subnutrido de ternura
e afoguei-me no desânimo que me acenava
do horizonte

Caiu-me uma pérola húmida do olhar
pensei apenas em guardar em mim
a saudade das carícias tecidas em silêncio

Não foi possível, acendeste-me o desejo dos teus dedos
apetecia-me beijar-te como quem afaga um charuto
com os lábios vendo subir aos céus o fumo do teu cio

Fiquei a saber numa destas noites de lua cheia
que se podia estar subnutrido de ternura
caiu-me uma pérola húmida do olhar

Apesar dos lobisomens
não se poderem dar ao luxo de cultivar mágoas
nas plantações do estio que passa

Apenas lhes é concedido o grato subterfúgio
de uivar nas trevas como quem urde um poema
às escondidas de Deus

Fiquei a saber numa destas manhãs de trovoada
que o teu corpo era feito de raios e coriscos
e que os teus pais não te deixavam fazer amor sozinha

Por terem medo
dos teus gritos de prazer
na hora de te sentires mulher

Mesmo assim fazias amor sozinha
dispensando-me o teu corpo
em marés de luz

Fiquei a saber numa destas madrugadas de fogo
que a ternura está guardada num baú
disfarçado de cofre à prova de sentimentos

Nessa mesma hora
senti o meu ser
a dissolver-se devagar

Ao longe, muito ao longe
lembro-me de ter sentido um arrepio na alma
como se tivesses pintado o teu sorriso no meu peito


Luís Graça

sexta-feira, abril 28, 2006

Súplica

Peguei nos sonhos
E fui atando...
Juntei! Juntei!
O aroma é brando...
Tristes? Risonhos?
Tudo! Nem sei!

Sonhos que eu amo
E em que me extingo...
Nevadas flores!
Não vos distingo...
Só vejo um ramo...
Confundo as cores!

Mas tu, que levas
O ramo ao lado,
Sem o pensar,
Queda um bocado!
- Sacia as trevas
Ao meu olhar!

Dá-lhe um sorriso!
Depois, sem pranto,
Deixa-me só...
Lírio de encanto,
Que nem diviso
- Porque sou pó

Este é de Queirós Ribeiro, como me foi sugerido........

quarta-feira, abril 26, 2006

Tigresa

Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel
Uma mulher, uma beleza que me aconteceu
Esfregando sua pele de ouro marrom do seu corpo contra o meu
Me falou que o mal é bom e o bem cruel

Enquanto os pelos dessa deusa tremem ao vento ateu
Ela me conta, sem certeza, tudo que viveu
Que gostava de política em mil novecentos e setenta e seis
E hoje dança no Frenetic Dancing Days

Ela me conta que era actriz e trabalhou no "Hair"
Com alguns homens foi feliz, com outros foi mulher
Que tem muito ódio no coração, que tem dado muito amor
E espalhado muito prazer e muita dor

Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar
Porque ela vai ser o que quis, inventando um lugar
Onde a gente e a natureza feliz vivam sempre em comunhão
E a tigresa possa mais do que um leão

As garras da felina me marcaram o coração
Mas as besteiras de menina que ela disse não
E eu corri para o violão, num lamento, e a manhã nasceu azul
Como é bom poder tocar um instrumento

Este é de Caetano Veloso e eu dedico à minha Tigresa

segunda-feira, abril 24, 2006

Para lá da Praia

Para lá da praia

Baía morena da nossa terra
vem beijar os pesinhos agrestes
das nossas praias sedentas,
e canta, baía minha
os ventres inchados
da minha infância,
sonhos meus, ardentes
da minha gente pequena
lançada na areia
da praia morena
gemendo na areia
da Praia Gamboa.

Canta, criança minha
teu sonho gritante
na areia distante
da praia morena.

Teu tecto de andala (1)
à berma da praia
teu ninho deserto
em dias de feira,
mamã tua, menino
na luta da vida.

Gamã pixi (2) à cabeça
na faina do dia
maninho pequeno, no dorso ambulante
e tu, sonho meu, na areia morena
camisa rasgada,
no lote da vida,
na longa espera, duma perna inchada

Mamã caminhando p'ra venda do peixe
e tu, na canoa das águas marinhas
- Ai peixe à tardinha
na minha baía
mamã minha serena na venda do peixe
pela luta da fome
da gente pequena.

(1) Andala: folha de palmeira;
(2) Gamã pixi: gamela com peixe.

Este é de Alda Espirito Santo

sexta-feira, abril 21, 2006

Génio

Um sujeito entra num bar e diz para o barman:
- Eu queria que o senhor me pagasse uma bebida!
O barman, muito admirado, responde que não. Diz que o bar dele não é a Santa Casa de Misericórdia.
- Ah! Eu tenho aqui uma coisa impressionante e, se eu lhe mostrar,você vai-me pagar uma bebida!
O barman, intrigado, pede que ele mostre.
Então o cliente tira do casaco um baralho de cartas, com cerca de 30 cm de tamanho.
O barman fica perplexo e, como nunca tinha visto um jogo de Cartas tão grande, resolve pagar uma bebida ao homem.
Alguns jogos e copos depois , o barman resolve perguntar ao homemonde! é que ele tinha arranjado tão estranho baralho.
- É que encontrei um geniozinho que concede desejos!!
O barman, todo empolgado, pede logo ao homem que lhe mostre o geniozinho, para pedir alguma coisa.
O homem dá uma lâmpada ao barman, que a esfrega, e, realmente,aparece o tal génio, dizendo o seguinte:
- Vou conceder-te um único desejo, mas rápido, que eu quero voltar a dormir!
O barman então, sem pensar muito, pede a primeira coisa que lhe vem à cabeça:
- Quero um milhão! Um milhão em notas!
O geniozinho estala os dedos e, de repente, o bar fica entulhado debotas.
- Botas??? Eu pedi um milhão em notas e não pedi um milhão em botas!
E, virando-se para o homem:
- Essa droga de génio é um bocado surdo, não acha??
O homem responde:
- Claro!! Ou você acredita que alguma vez eu pedi um "baralho" de 30cm???

quarta-feira, abril 19, 2006

A Vida

Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança traquina brincando ao esconde-esconde.


Infelizmente às vezes não percebemos isso e passamos a nossa existência coleccionando nãos:
a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa à qual não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos.


A vida é mais emocionante quando se é actor e não espectador, quando se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem, cavaleiro e não montaria.


E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos.


A vida é agora.

segunda-feira, abril 17, 2006

Ser português é:

-Levar o arroz de frango para a praia.
-Guardar aquelas cuecas velhas para polir o carro.
-Ladie's night à quinta.
-Enfeitar as estantes da sala com as prendas do casamento.
-Levar a vida mais relaxada da Europa, mesmo sendo os últimos de todas as listas.
-Receber visitas e ir logo mostrar a casa toda.
-Ter o resto do mundo a pensar que Portugal é uma província espanhola.
-Exigir que lhe chamem "Doutor" mesmo sendo um Zé Ninguém.
-Exigir que o tratem por Sr. Engenheiro mas não tratar ninguém com outras profissões por Sr. Pintor, Sr. Economista, Sr.Contabilista, Sra. Secretária, Sr. Canalizador, Sra.Cabeleireira.
-Passar o domingo no shopping.
-Tirar a cera dos ouvidos com a chave do carro ou a tampa da esferográfica.
-Axaxinar o Portuguex ao eskrever.
-Gastar 10 mil contos no Mercedes C220 cdi, mas não comprar o kit mãos-livres porque "é caro".
-Já ter "ido à bruxa".
-Ir de carro para todo o lado, aconteça o que acontecer, e pelo menos a 500 metros de casa.
-Lavar o carro na fonte ao domingo.
-Não ser racista mas abrir uma excepção com os ciganos.
-Levar com as piadas dos brasileiros, mas só saber fazer piadas dos alentejanos e dos pretos.
-Ser mal atendido num serviço, ficar fodido pa vida mas não reclamar por escrito "porque não se quer aborrecer".
-Acender o cigarro a qualquer hora e em qualquer lugar sem qualquer preocupações.
-Ter pelo menos 2 camisas traficadas da Lacoste e 1 da Tommy (de cor amarelo canário e azul cueca).
-No restaurante largar o puto de 4 anos aos berros e a correr como um louco a incomodar os restantes tugas.
-Ter bigode e ser baixinho(a).
-Conduzir sempre pela faixa da esquerda da auto-estrada (a da direita é para os camiões).
-Ter o colete reflector no banco do passageiro
-Pendurar o cd no retrovisor para "enganar o radar".
-Organizar jogos de futebol solteiros e casados.
-Ir à bola, comprar "prá geral" e saltar "prá central".
-Gastar uma fortuna no telemovel mas pensar duas vezes antes de ir ao dentista.

sexta-feira, abril 14, 2006

Elogio (de novo)

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.

quarta-feira, abril 12, 2006

Contratos

Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

terça-feira, abril 11, 2006

Elogio

O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.

segunda-feira, abril 10, 2006

Sensibilidades


DIFERENÇA DE SENSIBILIDADES//HOMEM X MULHER

ORAÇÃO DA MULHER

AGORA ME DEITO PARA DORMIR, SENHOR.
REZO POR UM HOMEM QUE NÃO SEJA UM HORROR.
UM QUE SEJA INTELIGENTE, FORTE E LINDO.
E QUE ADORE FICAR HORAS ME OUVINDO.
UM QUE PENSE ANTES DE FALAR.
QUE DIGA QUE VAI LIGAR, E NãO ME FAÇA ESPERAR...
REZO PARA QUE ELE TENHA UM EMPREGO QUE PAGUE MUITO BEM.
QUE QUANDO EU GASTAR O SEU DINHEIRO, NãO FIQUE PUTO TAMBéM.
QUE PUXE PRA MIM A CADEIRA, E QUE ME ABRA A PORTA.
QUE FAÇA MASSAGENS NAS MINHAS COSTAS, E "TRANSE" ATÉ EU FICAR "MORTA".
AH! MANDE-ME UM HOMEM QUE ME AME COM RESPEITO...
E NãO PELO TAMANHO DOS MEUS PEITOS...
EU REZO PELO HOMEM QUE VAI ME AMAR ATé O FIM...
E QUE NUNCA DIGA NãO PARA MIM.

AMéM

ORAÇÃO DO HOMEM

SENHOR, EU PEçO A TI UMA LOIRA SURDA-MUDA E NINFOMANíACA, COM PEITOS
ENORMES QUE SEJA DONA DE UMA DISTRIBUIDORA DE CERVEJA E TENHA UMA
CASA NA PRAIA COM SPORT TV.

AMéM

sexta-feira, abril 07, 2006

Conto de Fadas



O MAIS CURTO CONTO DE FADAS DO MUNDO

Era uma vez um rapaz que perguntou a uma rapariga:

-Queres casar comigo?
Ela respondeu:

-NÃO!

E o rapaz viveu feliz para sempre, caçou, foi à pesca, teve sempre tempo para ver os jogos na Sport TV, bebeu a cerveja que aguentou, e voltou para casa sempre à hora que lhe apeteceu??....


FIM

quinta-feira, abril 06, 2006

Ai, esta Língua Portuguesa......




Ai, esta Língua Portuguesa...

Se o Mário Mata,
a Florbela Espanca,
o Armando Gama
e o Jorge Palma,
o que é que a Rosa Lobato Faria?

E, já agora:


Talvez a Zita Seabra para o António Peres Metello
.
OPSSSSS

quarta-feira, abril 05, 2006

Paixão

Se eu pudesse agarrar um arco-íris
Eu o agarraria só para ti
E compartilharia contigo a sua beleza
Nos dias em que tu te sentisses triste.

Se eu pudesse construir uma montanha
Tu poderias chamá-la de só tua.
Um lugar para encontrares serenidade
Um lugar para estar sozinha.

Se eu pudesse agarrar os teus problemas
Eu os atiraria ao mar

Mas todas estas coisas em que eu penso

São impossíveis para mim
Eu não posso construir uma montanha
Ou agarrar um belo arco-íris

Mas deixa-me ser o que eu sei de melhor
Um amigo que está sempre por perto...

terça-feira, abril 04, 2006

Invenções & descobertas


O Homem descobriu as CORES e inventou a PINTURA,

A Mulher descobriu a PINTURA e inventou a MAQUILHAGEM.

O Homem descobriu a PALAVRA e inventou a CONVERSA,

A Mulher descobriu a CONVERSA e inventou a FOFOCA .

O Homem descobriu o JOGO e inventou as CARTAS,

A Mulher descobriu as CARTAS e inventou o TAROT .

O Homem descobriu a AGRICULTURA e inventou a COMIDA,

A Mulher descobriu a COMIDA e inventou a DIETA.

O Homem descobriu os SENTIMENTOS e inventou o AMOR,

A Mulher descobriu o AMOR e inventou o CASAMENTO.

O Homem descobriu a MULHER e inventou o SEXO,

A Mulher descobriu o SEXO e inventou a DOR DE CABEÇA.

O Homem descobriu o COMÉRCIO e inventou o DINHEIRO ,

A Mulher descobriu o DINHEIRO e aí f**** tudo .

segunda-feira, abril 03, 2006

A Tua Idade Com Chocolates



Faz os cálculos conforme vais lendo o texto..., vais-te divertir.


1. Quantas vezes por semana te apetece comer chocolate? (deve ser um número maior que zero vezes e menos de 10 vezes)

2. Multiplica este número por 2 (para ser par)

3. Soma 5

4. Multiplica o resultado por 50 – Vou esperar que ponhas a calculadora a funcionar

5. Se fizeste anos em 2006 soma 1756. Se ainda não fizeste anos soma 1755.

6. Agora subtrai o ano em que nasceste (número de quatro dígitos).

O resultado é um número de três dígitos.
O primeiro dígito é o número de vezes que te apetece comer chocolate por semana.

Os dois números seguintes são…

A TUA IDADE!!! (Siiiiiiimmmmmmm!!! A Tua Idade!!!)

2006 É O UNICO ANO, EM TODA A ETERNIDADE, EM QUE ISTO FUNCIONA.

sexta-feira, março 31, 2006

Coisas Boas.....

Pensa sobre cada frase antes de ler a seguinte...

VAIS SENTIR-TE MELHOR, especialmente quando chegares ao fim.

* Apaixonares-te pela pessoa certa e ser correspondido!
* Rir a ponto de não agüentar mais.
* Um banho quente num dia de muito frio.
* Sem limites num supermercado.
* Conduzir por um lindo caminho.
* Escutar a tua musica favorita a tocar na radio.
* Deitar na cama e escutar a chuva a cair.
* Cheiro de terra molhada.
* Pegar aquela chuva de verão e dar um beijo na chuva.
* Tomar banho e dormir na tua própria cama depois de acampar durante 10 dias.
* Toalhas ainda quentes, recém passadas.
* Descobrir que a camisola que queres está em promoção pela metade do preço.
* Um milkshake de chocolate.
* Uma chamada de alguém que está distante.
* Um banho de espuma.
* Risos.
* Uma boa conversa.
* A Praia.
* Achar 30 Euros no casaco do inverno passado.
* Rir de ti mesmo(a).
* Chamadas depois da meia-noite que duram horas.
* Rir sem motivo algum.
* Ter alguém pra dizer o quão és linda(o).
* Rir de algo que acabaste de lembrar.
* Amigos.
* Acidentalmente ouvir alguém a falar bem de ti.
* Acordar e descobrir que ainda podes dormir por mais algumas horas.zzzzzzzz.....
* O primeiro beijo.
* Fazer novos amigos ou gastar tempo com os velhos.
* Brincar com o novo bichinho de estimação.
* Ter alguém a mexer no teu cabelo.
* Sonhar com coisas boas.
* Realizar um sonho antigo.
* Chocolate quente.
* Viajar com os amigos.
* Balançar naqueles balanços de criança.
* Empacotar presentes debaixo da arvore de Natal enquanto comes biscoitos de chocolate.
* Letras de musica no encarte do teu novo CD pra poderes cantar juntamente sem te sentires idiota.
* Ir a um óptimo espectáculo.
* Simpatizar com um(a) lindo(a) desconhecido(a).
* Vencer um jogo super disputado.
* Fazer bolo de chocolate. E raspar o tacho.
* Gastar tempo com amigos chegados.
* Ver sorrisos dos teus amigos.
* Segurar na mão de alguém que realmente gostas.
* Encontrar um velho amigo e perceber que algumas coisas boas(ou ruins) nunca mudam.
* Ir às melhores montanhas russas de novo e de novo.
* Ver a expressão no rosto de alguém quando abre o seu tão esperado presente.
* Olhar o nascer do sol.
* Ver o por do sol no verão.
* Curtir a Lua e as Estrela num lindo lugar ao lado de quem se gosta.
* Conseguir ver essas pequenas coisas boas da vida e saber dar muito valor a isso.
* Ouvir a pessoa que tu amas dizer que te ama também!

Bem, de alguma forma, fiz-te pensar e reflectir em quanta coisa boa existe nesta vida e como damos devido valor às nossas quedas e derrotas quando a vida já é uma vitória!!!!

quarta-feira, março 29, 2006

Curioso...




De aorcdo com uma psiqeusa de uma uinrvesriddae ignlsea, nao ipomtra a odrem plea qaul as lrteas de uma plravaa etaso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo.

O rseto pdoe ser uma ttaol csãofnuo que vcoe pdoe anida ler sem gnderas pobrlmea. Itso é poqrue nós nao lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.

Cosiruo não?

terça-feira, março 28, 2006

O que o Tempo nos Ensina!

Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. Aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que beijos não são contratos, presentes não são promessas. E não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e precisas perdoá-la por isso.
Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos a construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás para o resto da vida.

Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida.

Descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida, são tiradas de ti muito depressa; por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vemos.

Aprendes que paciência requer muita prática.

Aprendes que quando estás com raiva tens o direito a estar com raiva, mas isso não dá o direito de seres cruel.

Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo.

Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás, em algum momento, condenado.

Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes.

E, finalmente, aprendes que o tempo, não é algo que volta para trás. PORTANTO, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores. E percebes que realmente podes suportar... que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da Vida!

E só nos faz perder o bem que poderíamos conquistar... o medo de tentar!

segunda-feira, março 27, 2006

Curiosidades



Coisas estranhas que ninguém conhece:

As borboletas provam com as patas.
O grito do pato não faz éco. Não se sabe porquê.
Em 10 minutos, um furacão produz mais energia do todas as armas nucleares juntas.
Em média, 100 pessoas morrem todos os anos asfixiadas com uma caneta.
Em geral as pessoas temem mais as aranhas do que a morte.
90 % dos taxistas novaiorquinos são imigrantes récem-chegados.
35% das pessoas que utilisam agências de encontro já estão casados.
Os elefantes são os únicos animais que não podem saltar.
Só 1 pessoa em cada 2 bilhões vivem até aos 116 anos ou mais.
É possível fazer uma vaca subir escadas, mas é impossível fazê-la descer.
As mulheres piscam os olhos 2 vezes mais do que os homens.
É fisicamente impossível lamber o próprio cotovelo.
A biblioteca pricipal da universidade de Indiana enterra-se todos os anos de 1 polegada. Os arquitetos esqueceram-se de incluir o peso dos livros nos cálculos.
Um caracol pode dormir durante 3 anos.
Os teus olhos têm o mesmo tamanho que tinham quando nasceste, mas as tuas orelhas e o teu nariz não páram de crescer.
A cadeira eléctrica foi inventada por um dentista.
Todos os ursos polares são canhotos.
No egipto, os padres arrancavam todos os pelos do corpo, até as pestanas.
O olho de uma avestruz é maior do que o seu cérebro.
Se a barbie tivesse altura humana, teria as medidas seguintes : 39-23-33
Um crocodilo não pode pôr a língua de fora.
O isqueiro foi inventado antes dos fósforos.
Quase todos os que leram este texto tentaram lamber o cotovelo!!!

Pasmados?

Tu tentaste lamber o cotovelo.
Não mintas!!!

sexta-feira, março 24, 2006

O Equilibrio


Há muitos anos, no reino dos Céus, Deus desapareceu durante sete dias.Tendo-o finalmente encontrado, o Arcanjo Gabriel não resistiu aperguntar-lhe:
- Onde esteve?
Deus soltou um profundo suspiro de satisfação e apontou orgulhosamente para baixo, entre as nuvens:
- Olha, meu filho, olha o que estou a fazer!
O Arcanjo Gabriel olhou intrigado e perguntou:
- O quê?
Deus respondeu:
- Mais um planeta, mas desta vez estou a tentar pôr vida! Chamei-lheTerra e vai haver nele um equilíbrio para tudo. Por exemplo, vai haver uma América do Norte e uma América do Sul. A do Norte vai ser rica e a do Sul vai ser pobre, os pólos serão gelados e o equador escaldante, e assim por diante. E então o Arcanjo Gabriel perguntou-lhe:
- E o que é aquele pequeno ponto vermelho?
E Deus disse:- Ah! Isso é o Estádio da Luz. Um lugar muito especial. Será o mais belo lugar a face da Terra. As pessoas serão brindadas com futebol do mais fino quilate oferecido pelos melhores praticantes do "beautifull game", comoEusébio, Coluna, Águas, Chalana, Valdo, Ricardo Gomes, Preud'homme, RuiCosta, Nuno Gomes, Simão, etc... Os jogadores farão os adeptos felizes e os adeptos tratarão os jogadores com referência e carinho. Nenhum representante do MAL alguma vez entrará neste local que não seja mandado para casa de cabeça baixa.
O Arcanjo Gabriel ficou boquiaberto de espanto e admiração mas depois,parecendo refeito, exclamou:
- Um momento! Então e o EQUILIBRIO? Disse que haveria um equilíbrio para tudo...
E Deus replicou sorridente:
- Espera então para veres os desgraçados de verde que eu vou pôr ali ao lado...

quinta-feira, março 23, 2006

O Professor

NA PROVA ORAL DO CURSO DE MEDICINA, O PROFESSOR DIRIGE-SE AO ALUNO E
PERGUNTA:


-Quantos rins nós temos?

-Quatro! Responde o aluno.

-Quatro? Replica o professor, arrogante, daqueles que se comprazem de tripudiar sobre os erros dos alunos.

-Traga um feixe de capim, pois temos um asno na sala - ordena o professor ao seu auxiliar.

-E para mim um cafezinho! Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.



O PROFESSOR FICOU IRADO E EXPULSOU O ALUNO DA SALA.

AO SAIR DA SALA, O ALUNO AINDA TEVE A AUDÁCIA DE CORRIGIR O FURIOSO MESTRE:

- O senhor perguntou-me quantos rins "nós" temos. "Nós" temos quatro:
Dois meus e dois seus; TENHA UM BOM APETITE E DELICIE-SE COM O
CAPIM!!!!

quarta-feira, março 22, 2006

Fui à festa, mãe.


Fui a uma festa, e lembrei-me do que me disseste. Pediste-me que eu não bebesse álcool, mãe...Então, bebi uma "Sprite"Senti orgulho de mim mesma, e do modo como me disseste que eu me sentiria e que não deveria beber e conduzir ao contrário do que alguns amigos me disseram. Fiz uma escolha saudável, e o teu conselho foi correcto. E quando a festa finalmente acabou, e o pessoal começou a conduzir sem condições... Fui para o meu carro, na certeza de que iria para casa em paz... Eu nunca poderia imaginar o que me aguardava, mãe... Algo que eu não poderia esperar... Agora estou deitada na rua, e ouvi o policia dizer: "O rapaz que causou este acidente estava bêbado", mãe, a voz parecia tão distante... O meu sangue está escorrido por todos os lados e eu estou a tentar com todas as minhas forças, não chorar... Posso ouvir os paramédicos dizerem: "A rapariga vai morrer"... Tenho a certeza de que o rapaz não tinha a menor ideia, enquanto ele estava a toda velocidade, afinal, ele decidiu beber e conduzir, e agora tenho que morrer... Então por que as pessoas fazem isso, mãe? ...sabendo que isto vai arruinar vidas? A dor está-me a cortar como uma centena de facas afiadas... Diz à minha irmã para não ficar assustada, mãe, diz ao papá que ele seja forte... E quando eu for para o céu, escreva "Menina do Pai" na minha sepultura... Alguém deveria ter dito aquele rapaz que é errado beber e conduzir... Talvez, se os seus pais tivessem dito, eu ainda estivesse viva... Minha respiração está a ficar mais fraca, mãe, e estou realmente a ficar com medo... Estes são os meus momentos finais e sinto-me tão desesperada... Eu gostaria que tu pudesses abraçar-me, mãe, enquanto estou esticada aqui a morrer, eu gostaria de poder dizer que te amo, mãe... Então... Amo-te e adeus..." Estas palavras foram escritas por um repórter que presenciou acidente. A jovem, enquanto agonizava, ia dizendo as palavras e o repórter ia anotando... muito chocado, ... ...

terça-feira, março 21, 2006

O Galo Tito


Era uma vez um fazendeiro que tinha um galinheiro com 180 galinhas e estava a procura de um bom galo para produzir ovos. Um belo dia o fazendeiro vai ate a vila, entra na cooperativa agricola e diz para o vendedor:
- Boa tarde! Procuro um bom galo capaz de cobrir todas as minhas galinhas.
O vendedor responde:
- Quantas galinhas tem?
- No total são 180. diz o fazendeiro.
Então o vendedor vai buscar uma gaiola com um galo enorme, musculoso, com a crista de pé, olhos azuis e uma tatuagem no peito dos Rolling Stones, e diz para o fazendeiro:
- Leve este aqui, o Alberto, ele não falha.
O fazendeiro leva o galo e, no dia seguinte, pela manhã, solta o galo no galinheiro. O galo sai numa corrida desenfreada, pega na primeira galinha, dá duas sem tirar; pega na segunda, dá a primeira e quando estava na segunda...cai para o lado.
O fazendeiro olha e diz:
- Aquele vendedor filho da puta aldrabou-me!
Este galo apenas comeu duas galinhas e capotou.
Então, pegou no galo pelo pescoço, levou-o até ao vendedor e explicou-lhe o que se tinha passado.
O vendedor desculpou-se e foi buscar um outro galo.
Este era preto, de crista amarela, olhos cinzentos e ténis da Nike.
E disse para o fazendeiro:
- Este aqui é o Fernando.
Leve-o, veja como é que ele funciona e depois conte-me.

O fazendeiro volta para a fazenda com o galo e repete a manobra: solta o bicho no galinheiro, o galo sai alucinado, come a primeira galinha de pé, pega a segunda e traça, com a terceira faz o 69 e quando está em cima da quarta, cai morto no meio do galinheiro. O fazendeiro, completamente lixado, pega o galo pelas patas e volta à vila.
Entra pela cooperativa, quase rebentando com a porta, e diz para o vendedor:
- Escute aqui seu sacana, este é o segundo galo que você me vende e também não presta para nada.
É melhor vender-me um galo decente ou deito esta cooperativa abaixo.
Então o vendedor vai buscar um galo de merda, sem crista nem penas, com olheiras, corcunda, com ténis de lona já meio rebentados e uma camisa azul claro com os dizeres "Maracanã 1950" e diz ao fazendeiro:
- Olhe, é só o que me resta.
O nome dele é Tito e chegou, por coincidência, num barco que vinha do Uruguai.
O fazendeiro, ainda furioso, leva o galo, pensando:
- Mas que raio é que eu vou fazer com este galo de merda?
Chegado à fazenda solta o Tito no galinheiro.
O galo despe a camisa, atira-a para o lado e sai enlouquecido comendo as 180 galinhas de um fôlego.
Pára para respirar e come as 180 de novo. Sai do galinheiro a correr e enraba o pastor alemão.
Aí o fazendeiro agarra-o, dá-lhe dois sopapos para acalmar e tranca-o na gaiola.
- Porra, este galo é um fenómeno!!, pensa o fazendeiro.
E as galinhas todas doidas só comentam que " o Tito isto", "o Tito aquilo", "o que é que ele fez contigo?", "comigo ele fez tal coisa"... loucura total, todas as galinhas a quererem mudar-se para Montevideu.
No dia seguinte o fazendeiro voltou a soltar o galo; o Tito sai a levantar poeira do chão, dá duas voltas ao galinheiro aviando tudo o que é buraco com penas que lhe aparece no caminho. Sai disparado e come o cão, o porco e duas vacas. O fazendeiro corre atrás dele, agarra-o pelo pescoço, dá-lhe uns abanões para o acalmar e volta a fechá-lo na gaiola.
- Que galo filho da puta! Vai-me cobrir a fazenda toda!!!, diz o fazendeiro No dia seguinte vai buscar de novo o galo e encontra a gaiola toda rebentada.
- O Tito fugiu!
Sai a correr para o galinheiro e encontra todas as galinhas de barriga para o ar, fumando e assobiando, regaladas.
Lá fora estava o porco com o rabo virado pró ar, as duas vacas deitadas no chão e a falarem das performances sexuais do Tito, o cachorro com a bunda arruinada e pensa:
- Ele vai comer o gado dos vizinhos, vão-me matar!
Então pega no cavalo e a galope segue as pistas deixadas pelo Tito (cabras a suspirar, bodes a passar gelo no rabo, uma tartaruga que perdeu a carapaça na trancada, um touro a experimentar lingerie, três gazelas a coxear, um pónei sentado num alguidar com gelo, um bambi curado das hemorróidas...) até que, de repente e à distância, vê o Tito caído no chão.
Uma cena tristíssima!!!
Os abutres já voam em círculos, a babar-se com fome.
Quando viu os abutres o fazendeiro entendeu a situação.
- Nãããooooo, Titoooooo... Morreuuuu o Titoooooo! E logo agora que eu tinha
encontrado um galo de verdade...
No meio destas lamentações, cuidadosamente o Tito abre um olho, olha para o fazendeiro e, assinalando os abutres, pisca-lhe o olho e diz:
- SShhhhhhhhh! Cala-te e deixas-os pousar....

segunda-feira, março 20, 2006

O Mosquito




Ele, anestesiado de bebedo, lança-se para a cama e adormece.
Ela, cega de raiva, vai buscar um facalhao a cozinha e ...

ZAS !!!....
corta-lhe o "abono de familia" bem rente.

Depois, pega no material ensanguentado e lança tudo pela janela.
Na estrada, de carro, vinham o Quim e a Nela das Iscas,
naturais do Porto e adeptos do FCP.
As duas por tres.... SPLAT!!!
Levam com o que faltava ao recem-capado, em cheio no para-brisas.
Diz o Quim:
- Fuoooooooooooda-se !!! Oh Nela, tu bistes os colhoes
daquele mosquito ! ! ! ? ? ?