segunda-feira, outubro 08, 2007

Canção do Amor Sereno

Vem sem receio: eu te recebo
como um dom dos deuses do deserto
que decretaram minha trégua
e permitiram
que o mel de teus olhos me invadisse.

Quero que o meu amor te faça livre,
que meus dedos não te prendam
mas contornem teu raro perfil
como lábios tocam um anel sagrado.

Quero que o meu amor te seja enfeite
e conforto, ponto de partida para a fundação do teu reino,
em que a sombra seja abrigo e ilha.

Quero que o meu amor te seja leve
como se dançasse
numa praia uma menina.


Lya Luft

sexta-feira, setembro 28, 2007

Casa da Paixão

A sarça incendeia-se

dois corpos
moldam a areia

Sonho-te numa praça deserta
como desertos são
os momentos que me cercam
sonho-te suspensa nas nuvens
como suspenso estou no movimento
que me envolve
sonho-te ainda ancorada
num cais de pedras cinzentas
e macias
como os presságios
que pressagio
sonho-te e no sonho
me revejo para depois acordar
e partir sem remorsos
nem rodeios

imagino-te
inquieta
a fuga sempre pronta
a voz denuncia
a gargalhada branca

Sei-te submersa
árvore única
escondida
no meu jardim
de papel

Vejo-te hoje deitada
o sol delirante
entorna maresia
a teus pés flores outonais
ornam o momento
que agora germinou
no meu errante
pensamento

És assim adormecida
entre nevoeiros
aquário transparente invisível
onde navego
e não sei ver
mergulho-te os olhos selvagens
que não podem ler

vem
são horas de correr viagem
antes de te mentir verdades
que a estrada conduz à miragem
é lá que devemos morrer

De pé ou sentada
o rosto envolto pelas mãos
o gesto o sinal o sentido
revejo-te
ainda agora
a acordar

Encontro
enlaço
abraço

sabemos ambos
a face ocultada lua
Se te escrevesse uma carta
não a lerias
as minhas cartas nada dizem
ninguém as leu
se te cantar um poema
não o entenderás
também ninguém os entendeu
se te disser palavras
palavras escorregadias
não acreditarás
jamais alguém acreditou
mas se te pegar na cabeça e a morder
se te abraçar com os olhos
se te apertar numa vertigem
aqui começará a alquimia

daremos à luz
um amor novo
que se não sabia

Hoje é o dia
de eu te descer pelos dedos
de entrar na tua mão
agora é hora
de eu te beber as palavras de te segurar os gestos
já é o momento
de te abraçar os pensamentos
e da tua alma desvendar
os destinos inconcretos

Descalça caminhaste
sobre a ria
mãos abertas
navegando
águas de prata
tu e a ria
à procura do mar

A manhã acordara
já não era cedo
fomos ao lago
atravessamo-lo na primeira
maré
havia uma ilha
onde o silêncio crescia
alimento das águas
que corriam
em rodapé

mudos no movimento
adivinhando o futuro
morámos o momentos
aboreando sem remorsos
aquele envelhecer prematuro

amanhã seria longe
agora era a certeza
preferimos brincar
com a amargura
confundi-la
entre a toalha e a mesa

caminhámos coisas
que não conhecíamos
líquidos passos errando
nessa manhã podre e fria
o teu olhar como sol poente
no meu
encontrando o fim do dia

Prendo-te o olhar

caminho-te os lábios

num sorriso virgem
dobro-te o queixo

navego-te os cabelos
desaguo na tua garganta

fico-me perdido

salgada a melodia
que me encanta

O rio corre
eu caminho numa margem
tu caminhas na outra

olho para o rio
e para a margem

vejo o teu reflexo
na água turva

a tua sombra
na rocha recortada
às vezes não vejo nada
no entanto caminho
e sei que também tu
vais
entregue à caminhada

Sou-te
eterna desconhecida
uma flor ensanguentada
uma fagulha húmida
cicatrizante

sei-te
procurando onde
não sabes
ave única
no céu desenhada

sopro-te
rara palavra
que não conheces
brandida ácea lâmina
afiada
adormeço-te
no doce gume
de uma espada

Árvore marítima
do líquido sopro
desabrochada
vertical sobre a onda
flutuando nas águas
alheia ao mudar
dos ventos

Entrego-te ao vento
guardador de rebanhos tresmalhados
entrego-te à trovoada
senhora dos céus encrespados
entrego-te ao sol e à lua
domésticos deuses
entrego-te às palavras que não dissemos
(só essas são verdadeiras)
e a todas que não diremos
entrego-te porque
a ninguém pertences
entrego-te porque nem
tu podes agarrar-te
entrego-te porque
a máscara te confunde
e antes que a solidão te inunde
entrego-te para não ter
que te matar

Somos
dois barcos
sem horizonte

Luís Tobias in "As Quatro Casas"

quarta-feira, agosto 08, 2007

Às escuras o Amor

Às escuras o amor é inventar de novo
as iluminações de vogar à deriva

É sequestrar o dia É caminhar de noite
numa rua de Roma a comer melancia

É fazer explodir um palácio barroco
É durante a explosão cair numa armadilha


David Mourão Ferreira

quarta-feira, julho 18, 2007

Tomara

Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho
Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais


Vinicius de Moraes

sexta-feira, junho 22, 2007

Sentir-te...

Sentir-te!?
Gosto de te sentir
Assim
Louca
Por mim...

Sabes?...
Sabes
Que me apeteces
Me atordoas
E enlouqueces?

Espero.
Espero-te
Hoje,amanhã
Nem sei bem quando...

Apetece-me ......
Demorar-me nos teus braços,
adormecer no teu beijo...


:) :D ??

terça-feira, junho 12, 2007

Amiga

De onde quer que venhas,
Para onde quer que vás,
Qualquer que seja a tua caminhada,
Chega até aqui amiúde,
e vem saborear,
O doce prazer do canto que o destino,
Quer ver feito a duas vozes
E que agora nos faz chegar...

Bailemos, as almas em conjunto,
Deixemos soltas as amarras,
Deste barco da amizade
Que não queremos afundar,
E que sereno caminha
Pela rota da vida,
Que em nós respira viva,
Na ânsia de se encontrar...

Beatriz Barroso

quarta-feira, maio 30, 2007

Delícias vãs

Desaguo em ti meus fetiches
Permanentes simulacros da razão.
Ouço o teu silêncio,
Sonho em vão…
Cresço em vagas trauteadas,
Deito no teu ombro
Sonhos desgarrados
Esperam na fila dos exilados
Tempo e espaço impensados;
Acaricio teu pensamento
Beijo incessante, meu tormento
Vagueio num corpo incandescente
Na bruma da espera sem presente…
Rodopio os dedos da imaginação
Em cada recanto escondido,
Afloro como gota de orvalho
E penetro até ao âmago
Cada poro do teu tempo sem abrigo.

Lado oculto

terça-feira, maio 15, 2007

Não és tu

Era assim tímido esse olhar,
A mesma graça, o mesmo ar;
Corava da mesma cor,
Aquela visão que eu vi
Quando eu sonhava de amor,
Quando em sonhos me perdi.

Toda assim; o porte altivo,
O semblante pensativo,
E uma suave tristeza
Que por toda ela descia
Como um véu que lhe envolvia,
Que lhe adoçava a beleza.

Era assim; e seu falar,
Ingénuo e quase vulgar,
Tinha o poder da razão
Que penetra, não seduz;
Não era fogo, era luz
Que mandava ao coração.

Nos olhos tinha esse lume,
No seio o mesmo perfume,
Um cheiro a rosas celestes,
Rosas brancas, puras, finas,
Viçosas como boninas,
Singelas sem ser agrestes.

Mas não és tu... ai! não és:
Toda a ilusão se desfez.
Não és aquela que eu vi,
Não és a mesma visão,
Que essa tinha coração,
Tinha, que eu bem lho senti.

Almeida Garrett

sexta-feira, maio 04, 2007

Se eu fosse

Respondendo ao desafio da luita:


Se eu fosse uma hora do dia, seria hora de ponta : ) (sempre na corrida)

Se eu fosse um astro, seria um astro nauta ; ))) kem me conhece sabe pork…

Se eu fosse uma direcção, seria um sempre em frente k não gosto de olhar noutra direcção : )

Se eu fosse um móvel, seria um móvel de apoio : )))) apoiar é cmg ;)

Se eu fosse um liquido, seria um bem docinho, tipo um licour dakeles k as ninas preferem ; )))

Se eu fosse um pecado, seria ………… não sou, recuso ser…..mainada.

Se eu fosse uma pedra, seria…. como eu gostava de ser uma pedra preciosa

Se eu fosse uma árvore, seria uma arvore de fruta…. Pra alimentar kem tiver fome

Se eu fosse uma fruta, seria um figo, a minha paixão adora figos ;)

Se eu fosse uma flor, seria uma qualquer flor silvestre, prefiro td o k é livre e sem “fertelizantes”

Se eu fosse um clima, seria um tropical,:) tem dias ke fika mesmo kente

Se eu fosse um instrumento musical, seria...uma gaita de foles : ) :) se me apertam nem imaginam a musika k eu faço : ))

Se eu fosse um elemento, teria de ser um elemento activo :) cmg é assim.

Se eu fosse uma cor, seria vermelho, e não perguntem pork

Se eu fosse um animal, seria um felino : )))) afinal kem não gosta de ser gato

Se eu fosse um som, seria um grito : )

Se eu fosse música, seria O feitiço : ))

Se eu fosse estilo musical, seria hip hop.

Se eu fosse um sentimento, seria desejo : ))

Se eu fosse um livro, seria um diário : )

Se eu fosse uma comida, seria uma refeição inteira : ))

Se eu fosse um lugar, seria um parque de estacionamento ;))

Se eu fosse um gosto, seria doce, axo...: ))

Se eu fosse um cheiro, seria de alfazema

Se eu fosse uma palavra, seria um aceitarei

Se eu fosse um verbo, seria dois, o amar e o vender.

Se eu fosse um objecto, seria um leme

Se eu fosse peça de roupa, seria um cachecol (ai pescoço) ;)).

Se eu fosse parte do corpo, seria a boca ;) adoro beijos : ))

Se eu fosse expressão facial, seria um sorriso, claro : )).

Se eu fosse personagem de desenho animado, seria o didle.

Se eu fosse filme, seria uma novela ;) num fika td num episódio ;)

Se eu fosse forma, seria re forma.

Se eu fosse número, seria o 8.

Se eu fosse estação, seria a estação do Oriente : ))

Se eu fosse uma frase, seria “Seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo”

Já tá finalmente

Besitos

segunda-feira, abril 30, 2007

Interrogação

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.

Se é amar te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

Camilo Pessanha

terça-feira, abril 17, 2007

Gosto quando falas de ti...

Gosto quando me falas de ti… e vou te percorrendo
e vou descortinando a tua vida na paisagem sem nuvens,
cenário de meus desejos tranquilos.

Gosto quando me falas de ti… e então percebo
que antes mesmo de chegar, me adivinhavas,
que ninguém te tocou, senão o vento
que não deixa vestígios, e se vai
desfeito em carícias vãs...

Gosto quando me falas de ti… quando aos poucos a luz
vasculha todos os cantos de sombra, e eu só te encontro
e te reencontro em teus lábios, apenas pintados,
maduros, mas nunca mordidos antes da minha audácia.

Gosto quando me falas de ti… e muito mais adianta
sem teus olhos descampados, sem emboscadas,
e acenas a tua alma, sem dobras, como um lençol distendido,
e descortino o teu destino, como um caminho certo,
cuja primeira curva foi o nosso encontro.

Gosto quando me falas de ti… porque percebo que te desnudas
como uma criança, sem maldade,
e que eu cheguei justamente para acordar tua vida
que se desenrola inútil como um novelo
que nos cai no chão...

Araujo Jorge

terça-feira, março 27, 2007

Teu nome

Amor, hoje teu nome
a meus lábios escapou
como ao pé o último degrau...

Espalhou se a água da vida
e toda a longa escada
é para recomeçar.

Desbaratei te, amor, com palavras.

Escuro mel que cheiras
nos diáfanos vasos
sob mil e seiscentos anos de lava

Hei de reconhecer te pelo imortal
silêncio.

Cristina Campo

segunda-feira, março 19, 2007

A mulher do vestido encarnado

Ameigam teu corpo airoso
requebros sensuais,
e o teu perfil
felino e vicioso
diz-nos pecados brutais?
– Paixões preversas
onde o crime é gozo!

Carne que a horas se contrata,
e onde a tísica já fez guarida;
– vendida por suja prata
em tanta noite perdida…

Ó farrapo de luxúria
que acendes quentes desejos
até à fúria,
na febre de longos beijos!…

Perderam se tantas, tantas
mocidades
nos teus olhares diabólicos,
que nem tu já sabes quantas!

E ninguém te perguntou
ainda, mulher perdida
que desgraçado amor foi esse
que te arrastou
a essa vida, negra vida!

E às vezes,
cuspindo sangue
em noites de guitarrada,
a tua boca tão mordida,
cantando, à desgarrada,
fala do amor crueldade
– um amor todo ruína,
um amor todo saudade!

Ó farrapo de luxúria
que acendes quentes desejos
até à fúria,
na febre de longos beijos!

Judith Teixeira

sexta-feira, março 09, 2007

O meu chinês

Nos olhos de seda
traçados em viés,
tem um ar tão sensual
o meu Chinês…

Vive sobre uma almofada
de cetim bordada,
pintado a cores.

Às vezes
numa ânsia inquieta
que eu não mitigo,
e que me domina,
num sonho de poeta
ou de heroína,
fujo levando
o meu Chinês comigo!

E lá vamos!
Nem eu sei
para que alcovas orientais,
em que países distantes,
realizar
as horas sensuais,
as horas delirantes
com que eu sonhei

………………………………………………..

Eu e o meu Chinês
temos fugido tanta, tanta vez!


Judith Teixeira

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Volúpia

Era já tarde e tu continuavas
entre os meus braços trémulos, cansados...
E eu, sonolenta, já de olhos fechados,
bebia ainda os beijos que me davas!

Passaram horas!… Nossas bocas flavas,
Muito unidas, em haustos repousados,
Queimavam os meus sonhos macerados,
Como rescaldos de candentes lavas.

Veio a manhã e o sol, feroz, risonho,
entrou na minha alcova adormecida,
quebrando o lírio roxo do meu sonho...

Mas deslumbrou-se... e em rúbidos adejos
Ajoelhou-se... e numa luz vencida,
Sorveu…sorveu o mel dos nossos beijos!

Judith Teixeira

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Poema de Amor

A noite é cheia de vales e baías.
E do meu peito aberto um rio largo de sangue...
Águas densas, de correntes lentas,
serpentes mortas a arrastarem-se.
Águas?
Águas negras, pastosas, alcatrão rolante.
Mas águas puras, verde claras, atraindo
a margem donde os crocodilos fogem mastigando.
Águas em transparências lucilantes, para cima,
e as estrelas do mar, um polvo e um mefistófeles
ficam no ar sobre ilhéus e lodosos calhaus
que se descobrem.
Plantas brancas e extáticas...
Lágrimas... nuvens... e a cabeça, o perfil,
os olhos, todo o corpo da mulher amada, a prostituta
antes de virgem, que é bela e feia, velha e nova,
e não conhece os filhos!

O fogo envolve essa mulher amada
e é um guindaste erguendo a e atirando a,
enquanto dispersas pelo chão brilham mandíbulas
naturalmente à espera...

Edmundo de Bettencourt

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Os teus olhos

Fascinam-me
os teus olhos
quando em pequenos
brilhos
deixam transparecer
todo o fogo
que vai dentro de ti!...

É sob esse brilho,
Feito luz,
Que vou construindo
Pequenos poemas.

José Luís Garcês

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Toada do Amor

E o amor sempre nessa toada!
briga perdoa perdoa briga.
Não se deve xingar a vida,
a gente vive, depois esquece.
Só o amor volta para brigar,
para perdoar,
amor cachorro bandido trem.

Mas, se não fosse ele, também
que graça que a vida tinha?

Mariquita, dá cá o pito,
no teu pito está o infinito.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer
absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor - muito melhor! -
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.

Mário Cesariny de Vasconcellos

sábado, janeiro 20, 2007

Moro no teu olhar

Moro no teu olhar sereno e
espero por ti,
como se o meu corpo
fosse um cais de bruma
sem as marcas do tempo.
Os dias ficaram agora reféns
do aroma das tuas palavras simples.


Bruxinhaasolta

sexta-feira, janeiro 12, 2007

MOMENTO

Nenhum sopro de ausência. Só a paixão
suave
de um sol íntimo
no seu ninho verde e alaranjado.
Simplicidade de substância volátil,
desejo no seu silêncio,
luxo indolente, frescura de vértebras solares.
intimidade perfeita
e que demora numa cândida estância.
Tudo se tornou interno neste espaço interior,
na delícia extrema de um sossego de folhas.
O que era fugaz converteu-se em tempo enamorado
e em tranquila doçura de hábitos.

António Ramos Rosa

quinta-feira, janeiro 04, 2007

A Tarde Suspensa

Abro-te a porta e tomas-me por inteiro
Impúdica, mordo a tua boca
desço a minha língua no teu queixo,
no teu sexo maduro.
Nos teus olhos secretas lembranças
vagueiam sem reino,
Tiro aquele vestido oriental
e entre beijos infindos
pego as tuas mãos fortes
vou lambendo os teus dedos e, deixo-te
mergulhar suavemente no meu ventre.
Somos uma cálida maré a vazar
entre conchas quebradas e corais brancos,
enquanto a tarde suspensa desce sobre nós.


O autor.... autor conhecido... :))