sexta-feira, julho 27, 2012

Teu mistério


Teu pensamento canta
Teu corpo dança
Teu olhar fala
Mas o teu coração cala.

teu olhar mexe
teu toque marca
teu silêncio fere
Mas o teu brilho cicatriza.

Tua nudez veste
Tua fantasia cobre
Teu orgasmo brilha
Mas o teu prazer ninguem possui.

Teu sorriso atenta
Tua sensatez, não sei
Tua estupidez, talvez
Pois todo o teu prazer... é mistério.



Gelly Fritta

sexta-feira, julho 20, 2012

Invento-me...


Invento-me neste desejo de te abraçar...
Invento-me hera, planta trepadeira,
agarro minhas gavinhas,
minhas expansões, com força,
em tuas estacas, para me poder à terra fixar...

Invento-me abelha, insecto,
Apenas para invadir a tua flor,
Que nasceu de meu desejo,
Para em teu mel, esse néctar,
a minha sede eu poder saciar ....

Invento-me leoa perdida de seu cio,
À procura de um trilho, um sinal, rasto teu,
Para que na floresta da vida,
Eu te possa encontrar...

Invento-me vento, Nortada, brisa, aragem,
Para de forma empolgada,
Agitar teu rio, ondular teu mar...

Invento-me, nestas todas metamorfoses
de ser eu própria, que trago silenciadas no meu espírito,
E ensaio-me assim, neste ser,
Nestas mil formas adoptadas,
Só porque te encontro ao inventar-me,
Mas porque te invento somente a ti!



Beatriz Barroso

sexta-feira, julho 13, 2012

Quando o teu andar…


Quando o teu ser me enlevava em comoções
E eu em ti me extasiava no infinito,
Não viveu esse dia tanto ser aflito,
E os oprimidos, num inferno de milhões?

Quando o teu andar me punha em febril estado,
Outros trabalhavam; na terra eram ruídos.
E havia o vazio, Homens sem Deus, despidos,
Nascia e morria tanto ser desgraçado.

Quando, prenhe de ti, me evolava em essência,
Havia tantos outros arfando em pedreiras,
Minguando à secretária, suando em caldeiras.

Vós, que arquejais em ruas e nos rios da vida,
Se há equilíbrio no mundo e na existência,
Como irá esta minha culpa ser remida?


Franz Werfel 
1913
(tradução de João Barrento)

sexta-feira, julho 06, 2012

O sexo é sagrado

O sexo é sagrado,
como salgadas são as gotas de suor
que brotam dos meus poros
e encharcam nossas peles.
A noite é meu templo
onde me torno uma deusa enlouquecida
sentindo teus pelos sobre a minha pele.
Neste instante já não sou nada,
somente corpo,
boca,
pele,
pêlos,
línguas,
bocas.
E a vida brota da semente,
dos poucos segundos de êxtase.
Tuas mãos como um brinquedo
passeiam pelo meu corpo.
Não revelam segredos
desvendam apenas o pudor do mundo,
descobrem a febre dos animais.
Então nos tornamos um
ao mesmo tempo em que
a escuridão explode em festa.
A noite amanhece sem versos,
com a música do seu hálito ofegante.
O sol brota de dentro de mim.
Breves segundos.
Por alguns instantes dispo-me do sofrimento.
Eu fui feliz.



Claudia Marczak



segunda-feira, julho 02, 2012

Discreta Súplica





Do poderoso amor
dói-me fogo consumido.
Podes ser na chaga bálsamo,
formosa breve tulipa.


Teu lindo brilho dos olhos,
fogo vivo da aurora;
de teus lábios o orvalho
mil cuidados me devora.


Dá em tua voz de anjo
o que teu amante roga:
com mil beijos de ambrosia
te pagarei a resposta.

Csokonai Vitéz Mihály 

(tradução de Ernesto Rodrigues)