segunda-feira, agosto 14, 2006

A relatividade do amor

Se a cor azul do teu corpo não é real
porque nenhuma cor é mais do que
apenas o reflexo do espectro da luz visivel
que não foi absorvido pela superficie,
então o que vejo?

Se o tocar do teu corpo não é real
Porque nenhuma distância é zero
e todas as distâncias são infinitamente divisiveis
e dois corpos sólidos nunca se tocam,
então o que sinto?

Se tudo é relativo
então o que sinto e o que vejo
não é mais do que a relatividade do amor.


O autor? ... não sei

quinta-feira, agosto 03, 2006

Rosa com espinhos

Uma rosa cresce na tua ausência. Não
a posso colher, a essa rosa vermelha que
incendeia a secura dos meus olhos. Limito-me
a vê-la, a rosa do centro, na sua rotação
de sentimentos e hesitações. Embarco
no rumo que ela me indica. Sei
que me conduzirá para o porto dos teus
braços, onde ainda estremecem as marés
do amor.

Mas se a tua ausência me oferece
esta rosa, de que me servem os seus
espinhos? Lambo devagar as suas
feridas, sentindo correr pela minha alma
o sangue fresco da tua voz: a voz que abranda
quando o fogo se apaga, e de cuja
brancura se soltam os ventos que empurram
o desejo. Levam-me para
os teus lábios, a quem a rosa
roubou a mais pura cor.

Abraço então o teu corpo de flor, roubando
à rosa o gozo da sua dor.



Nuno Júdice