sexta-feira, julho 13, 2012

Quando o teu andar…


Quando o teu ser me enlevava em comoções
E eu em ti me extasiava no infinito,
Não viveu esse dia tanto ser aflito,
E os oprimidos, num inferno de milhões?

Quando o teu andar me punha em febril estado,
Outros trabalhavam; na terra eram ruídos.
E havia o vazio, Homens sem Deus, despidos,
Nascia e morria tanto ser desgraçado.

Quando, prenhe de ti, me evolava em essência,
Havia tantos outros arfando em pedreiras,
Minguando à secretária, suando em caldeiras.

Vós, que arquejais em ruas e nos rios da vida,
Se há equilíbrio no mundo e na existência,
Como irá esta minha culpa ser remida?


Franz Werfel 
1913
(tradução de João Barrento)

1 comentário:

Anónimo disse...

É interessante ler as escolhas que oferece nesta sua banca, sejam elas expressionistas, realistas ou qualquer outra....

A variedade é atractiva, e o sentimento de exclusividade na leitura faz-me sentir a sua heroína....para já e sem culpas :D