quinta-feira, setembro 28, 2006

O amor é loucura

Quem pisa do Amor a linha pura,
não aceita uma asa, retira-a prudente,
pois não é verdadeiro Amor, mas loucura,
o juízo do destino e a sábia gente.

Tal como Roldão não chega à ventura
a sua fúria há-de mostrar-se noutro acidente
senão, vede o sinal para enlouquecer
por bem querer outro e se perder.

Diversos são os efeitos, mas a loucura
uma, pois perde-os sempre
é como numa selva espessa, escura,
onde qualquer um erra o seu caminho
e aqui ou lá o extraviado passo procura.

Digo, a concluir, que é sobejamente digno
o que envelhece amando, outra grande pena
a ter perene o cepo que nos condena.

Hão-de falar: “Vós sois garboso
ensinando o outro a andar em erro cego.”

Entendo, respondo confuso,
agora que vejo claro o falso jogo.

Bem o procuro e julgo ter repouso,
fugir quero do erro e do acerbo fogo,
mas não acabarei assim o caso,
pois o mal me penetrou até ao osso.

Ludovico Ariosto

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante,a ler com atenção.
Bom fim de semana..e que o GLORIOSO se encontre :)))))))))

Anónimo disse...

Um belo poema renascentista... e uma musica que se agarra a nós como as "ilusões" do amor...
anita